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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A Maratona do Ouro no Mundo


Há alguns séculos atrás, por volta de 1650, foram descobertas as primeiras fontes minerais de extração do ouro brasileiro, nos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Iniciou-se assim, a chamada “corrida do ouro”, em nosso país, devido ao consequente êxodo para tais regiões.

            Ainda presente na memória de muitos brasileiros, Serra Pelada, uma região no estado do Pará, foi considerada o maior garimpo a céu aberto no mundo, durante a década de 80, de onde foram extraídos, oficialmente, 80 toneladas de ouro. Novamente, o êxodo ocorrido durante sua atividade, denominou a “corrida do ouro moderna” no Brasil.

            Atualmente, com a crise no sistema econômico mundial, as preocupações com a Grécia, o futuro do euro e o limite das dívidas federais dos Estados Unidos, grande numero de investidores vem direcionando seus recursos para a aquisição do ouro, o que levou o preço desta commodity, a recordes em termos nominais (sem descontar os efeitos da inflação). Há algumas semanas atrás, o ouro ultrapassou a marca de US$ 1.800 por onça-troy (que equivale a 31,1 gramas) pela primeira vez. A marca, porém, é inferior ao seu pico em 1980, quando chegou a preço que equivaleria hoje a US$ 2.516, segundo o economista Edward Yardeni.

            Seria essa tendência, e valorização da commodity, uma nova “corrida do ouro” em proporções globais? Provavelmente não.

A principal característica das chamadas “corridas do ouro” ao longo da história, está na expectativa de lucro que sempre envolveu os garimpos. Até mesmo as mineradoras, independentemente de sua proporção, com todo seu aparato tecnológico moderno, visam a lucratividade, como resultado e meta de todo seu investimento. Não é este o caso da iminente alta do ouro, no mercado econômico mundial.

Os investimentos direcionados à commodity do ouro visam a proteção corporativa, uma vez que, mesmo que a moeda seja desvalorizada, ou sistemas econômicos venham a ser substituídos, o metal nobre permanecerá associado à status, riqueza e nobreza, sendo sua demanda, e valorização, mais difíceis, ou quase impossíveis, de sofrerem alguma deterioração. Como medida de proteção, a aquisição do ouro, como tendência atual de mercado, estaria, metaforicamente, muito mais próxima de uma “maratona do ouro”, do que de uma “corrida”, pois tratam-se de investimentos a médio e longo prazo.

Em uma maratona, alcançar e atravessar a linha de chegada requer paciência, perseverança e proatividade, pois o “lucro” está em suportar e superar as limitações físicas, assim como, atualmente, o lucro em se investir na commodity ouro, em meio à crise econômica e financeira mundial, está na sobrevivência das grandes empresas, corporações e investidores.

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